2007-11-18

RELAÇÕES (AUTO)CRÍTICAS

Encontro sobre crítica de dança

curadoria: Tiago Bartolomeu Costa

Organização: Fábrica de Movimentos em colaboração com a Fundação de Serralves

2007-11-11

Estou em performance

Fase 1 do projecto "A Oportunidade do Espectador", de Rogério Nuno Costa, desenvolvida em Torres Vedras, de 1 a 4 de Novembro de 2007 de acordo com as regras do Dogma 2005.

Estou em performance
Ainda estou em performance
Continuo em performance
[enunciados definidos por mim para cada dia de residência]

(...) em performance poderia ser um texto a inventar a cada dia.

Convocar diferentes níveis de observação, diferentes níveis de responsabilidade, diferentes níveis de diluição entre a vida e o "espectáculo".

A discussão do projecto aberta ao público com o André e. Teodósio e o Rogério Nuno Costa foi a apresentação pública propriamente dita.


Fotos de Cristiana Rocha e David Oliveira

Questões do conselho artístico:

O que é que andaste a explorar em Torres Vedras durante estes dias?
Sentiste reacções das pessoas à frase que tinhas escrito nas camisolas?
Como é que convocavas as pessoas durante a fase de processo na rua?
Sabias que o factor surpresa é anti-dogma?
Levavas contigo todos os documentos relativos ao projecto?
Explicavas às pessoas o que era a tua proposta?
Sabes que as t-shirts são um objecto muito perigoso?
Porquê as t-shirts?
etc etc etc

(talvez em breve possa publicar aqui o vídeo da discussão uma vez que toda esta fase foi documentada )

2007-10-30

"O “Dogma 2005” explicado às crianças (em 30 passos simples)"

1. Tu não és um artista, és uma pessoa.
2. Não penses que vais fazer uma peça sobre o “amor”; pensa que vais fazer uma peça, apenas. E podes acreditar que isso é mais do que suficiente.
3. Espera que a “ideia” (seja lá isso o que for) venha ter contigo. Não corras atrás dela feito totó. Em vez de dizeres “Preciso de ter uma ideia”, diz “Preciso de deixar de ser totó e ir mas é beber uma cerveja”.
4. Ou seja, sê preguiçoso, e orgulha-te disso. Tudo o que procuras está no contexto à tua volta. E se fores realmente “justo” com esse contexto, perceberás que o que procuras está mesmo espetado à frente do teu nariz. Relaxa. Não precisas de procurar muito mais.
5. Porque vai ser difícil acreditarem que o que dizes é verdade, documenta tudo o que te acontecer daí para a frente: fotografa, filma, escreve, cria mnemónicas, inventa maneiras de fixares as coisas e resgata-as da sua morte anunciada.
6. Diz sempre a verdade, a ti próprio primeiro, e aos outros depois. Mais do que um artista, és um antropólogo, um etnólogo, um historiador, um cientista, um investigador. Não, não és um político, nem um publicitário e muito menos um crítico de arte.
7. Faz muitas perguntas, sim, mas sem esperar respostas.
8. Nunca penses em resultados finais; produz resultados à medida que fores vivendo as situações, sem teres propriamente consciência que em vez de estares em processo, o que tu estás é em resultado. Quem diria, hein?
9. Separar teoria de prática é o mesmo que retirar a frente ao verso da folha de papel. Leia-se: é impossível. Por isso, mais vale desistires.
10. Idem para a separação entre processo e resultado.
11. Idem para a separação entre pergunta e resposta.
12. Esquece tudo o que te disseram. Faz tábua rasa, folha branca, começa tudo de novo, ou então começa tudo outra vez.
13. Não queiras ser mais giro/interessante/importante que o teu projecto. Deixa-o ser/viver de acordo com as suas próprias regras. Lá porque gostas muito de azul, não vais logo a correr pintar a mesa de azul, a menos que te caia uma lata de tinta azul em cima da cabeça, antes de tu sequer pensares que poderias ir a correr pintar a mesa de azul ou de outra cor qualquer.
14. Ou seja, aceita as coisas como elas são; não tentes torná-las melhores, mais giras, mais interessantes ou mais importantes. Lembra-te que o melhor não é necessariamente bom, já dizia o outro.
15. Todas as pessoas que se cruzarem contigo — espectadores potenciais, efectivos, especializados, ou não, incautos, interessados, desinteressados, e etc. — fazem parte do teu contexto. Não as elimines, portanto, inclui-as e dá-lhes poder para mudarem o teu projecto. Leia-se: dá-lhes poder para te mudarem a ti.
16. Não obstante: esquece lá essa coisa abominável da “interactividade”. Os meninos se quiserem “brincar aos teatrinhos” podem sempre ir à feira popular. Não lhes dês tarefas, responsabiliza-os. Se eles não gostarem, podem sempre ir embora.
17. Ou seja, o teu trabalho é “fazer” um espectáculo. Não é “dar” espectáculo.
18. Ah! E nada de mistérios! Diz tudo o que há para dizer. E di-lo de uma forma rápida, concisa e simples. Nada de esconder pormenores, desfragmentar narrativas, deturpar a cronologia ou criar ilusões espácio-temporais. Antes de seres artista, és jornalista, a quem coube comunicar um evento de uma maneira de tal modo simples, que até a velhinha de Cascos de Rolha (que não foi à escola), irá perceber. Lembras-te do “Quem, Onde, Quando, Como, Porquê, Para Quê?” É isso.
19. E já agora: tu não vais fazer um “vídeo”, nem uma “fotografia”, nem um “texto”, nem uma “dança”, nem um “teatro”, nem uma “instalação”, nem um “happening”, nem um “projecto transdisciplinar”. O nome da tua coisa é o nome que a coisa tem. E os meios são meios. Os meios não são fins!
20. Se te sentires perdido e sem estrutura de trabalho fixa onde te ancorares, não te preocupes. Quem é que disse que a metodologia tem que ser encontrada no início? Respira fundo, conta até 10, imagina que és grande montanha e segue o teu caminho.
21. Ensaio?? Esquece lá isso...
22. Autoria?? Não, mediação! Entre quem está ali para conhecer e aquilo que tu tens para dar. A conhecer, claro. E onde se lê “dar a conhecer”, leia-se: comunicar ao mundo a tua descoberta científica. Foste tu que a descobriste, está certo, mas tal não significa que é a ti que ela pertence.
23. Sim, e é da tua vida que estamos a falar. Não vale a pena fugir com o rabo à seringa.
24. Sim, e é de exposição pessoal que estamos a falar. Idem…
25. Sim, e é de anulação da liberdade artística que tu julgas possuir — em prol de uma nova (e mais autêntica) liberdade artística que tu nem sonhavas que tinhas — que estamos a falar. Idem…
26. Sim, e este projecto tem que te marcar. De facto. E para sempre.
27. E isto só é artístico porque tu disseste que era. A forma do “artístico” não interessa para nada. O compromisso de que o que vamos ver a seguir é “artístico”, sim, interessa para tudo.
28. Ah! E esse copo de plástico que tens na mão é para com ele beberes, não é para o pores na cabeça a fazer de conta que é um chapéu, certo?
29. E depois, das duas uma: ou segues estas regras ou não segues estas regras. Não percas tempo a discuti-las, a rebatê-las, a desconstruí-las, a concordar ou a discordar com elas. Não vale a pena. É perda de tempo. E desgaste desnecessário de neurónios. Mas também não faças disto a tua religião, não imprimas o logótipo numa t-shirt, nem faças uma tatuagem. Não penses sequer em criar um partido político ou um movimento artístico com sotaque e retórica pós-modernos! Não! De nada te irá valer convenceres os outros que isto é que está certo. Porque nem está nem deixa de estar. Não é aí que reside o “interesse”. Pensa que és um mero funcionário do “Dogma”: picas o ponto, entras, fazes, depois voltas a picar o ponto e vais embora para casa.
30. No fim, vais perceber que fizeste “arte”, sem ter pensado de antemão que era “arte” aquilo que estavas a fazer. Não é fantástico? É que às vezes, o making of é mais importante que o filme. Outras vezes, o making of é mesmo o filme. São estas as que interessam.


(texto enviado por Rogério Nuno Costa aos participantes do projecto "A Oportunidade do Espectador" que vão apresentar o seu projecto Dogma em Torres Vedras, de 1 a 3 de Novembro 2007)

Grupo 4

GAMES OF IDENTITY: Interaction, boundaries of self and the public space








2007-10-14

Marcel Duchamp

Chapter 5. The infrathin

What means infrathin? Marcel says, "On ne peut guère en donner que des exemples. C'est quelque chose qui échappe encore à nos définitions scientifiques."
(3) It is now time to try to give a definition, even if this proposed definition is partial, and would merit a much longer development.

"Infrathin" generally characterizes a thickness, a separation, a difference, an interval between two things.

At first step, "infrathin" means "very, very, very thin." It could be "1/10e mm = 100 µ = minceur des papiers" as MD says in note MAT 11. But at this level, the concept means "infinitesimal," it is not new nor interesting.

At a second step, "infrathin" characterizes any difference that you easily imagine but doesn't exist, like the thickness of a shadow: the shadow has no thickness, not even at an Angstroem's precision.

At a third step, the most beautiful one, "infrathin" qualifies a distance or a difference you cannot perceive, but that you can only imagine. The best example to introduce you to this notion is this note:


Marcel Duchamp, Note 12, from Paul Matisse, Marcel Duchamp: Notes, 1980© 2000 Succession Marcel Duchamp, ARS, N.Y./ADAGP, Paris.

Séparation infra mince entre le bruit de détonation d'un fusil (très proche) et la marque de l'apparition de la marque de la balle sur la cible.(maximum distance maximum 3 à 4 mètres. — Tir de foire)


Infra thin separation between the detonation noise of a gun (very close) and the apparition of the bullet hole in the target.(maximum distance 3 to 4 meters. — Shooting gallery at a fair)


You know that there is a certain duration between the detonation noise of the shot and the apparition of the hole in the target, but this duration is not perceptible. Marcel Duchamp is certainly not interested in finding the instruments with which you could physically perceive this separation through some new technology. What interests him is making you understand that it is just enough to imagine it.
The more invisible this difference is, the greater is the infrathin dimension of it:

Marcel Duchamp,Note 18, from Paul Matisse, Marcel Duchamp: Notes, 1980© 2000 Succession Marcel Duchamp, ARS, N.Y./ADAGP, Paris.

Marcel Duchamp,Note 35, from Paul Matisse, Marcel Duchamp: Notes, 1980© 2000 Succession Marcel Duchamp, ARS, N.Y./ADAGP, Paris.

La différence (dimensionnelle) entre 2 objets faits en série [sortis du même moule] est inf un infra mince quand le maximum (?) de précision a été est obtenu.

The difference (dimensional) between 2 mass produced objects [from the same mold] is an infra thin when the maximum (?) precision is obtained.

Séparation infra-mince.2 formes embouties dans le même moule (?) diffèrent l'une de l'autre entre elles d'une valeur séparative infra mince.Tous les "identiques" aussi identiques qu'ils soient, (et plus ils sont identiques) se rapprochent de cette différence de séparative infra mince.

Infra-thin separation. 2 forms cast in the same mold (?) differ from each other by an infra thin separative amount. All "identicals" as identical as they may be, (and the more identical they are) move toward this infra thin separative difference.

With these two last notes, we are now very close to the readymades. In an interview in 1960, MD insisted "C'est un objet tout fait, (...) généralement un objet de métal plus qu'un tableau." (4) To Serge Stauffer in 1961, he gives precision about "‘the serial characteristic…' càd. le coté ‘mass production'" of the readymade. And indeed only industrial forms, especially metallic, once taken out of the same mold, look so much alike that their differences are greatly infrathin. Here comes the real reason why Marcel Duchamp's readymades were chosen amid industrial forms. Not at all because they are beautiful, as Louise Norton hints in Marcel's review The Blind Man, in 1917: their beauty doesn't need Marcel Duchamp. But because there is a very Duchampian question about them, which is: is there any difference between "2 mass-produced objects taken out of the same mould?" Is there a difference between two copies of the fifty-pronged bottle rack?
And it is true that the very very old philosophical questions about identity versus similarity, or about the existence of concepts versus the true singularity of individuals, must have been completely removed by the Industrial Age. Examples are very important in philosophy and the examples that the greatest philosophers — Duns Scotus, Plato, Occam, Hobbes, whoever — had in mind to discuss these matters could be faces, tables, pebbles or flowers. But all these objects, so similar could they be, remain very different to the naked eye. And the "argumency" was easy for Hobbes, for example, to demonstrate the irreducible singularity of single things by pointing out the difference between "even" 2 flowers of the same age and species. Confronted with mass-produced objects, such as packs of cigarettes or bottle racks, our notion of identity or our humanist notion of singularity is much more difficult and interesting to maintain.
The following note confirms that MD had this in mind, even in a naive way:

Marcel Duchamp,Note 7, from Paul Matisse, Marcel Duchamp: Notes, 1980© 2000 Succession Marcel Duchamp, ARS, N.Y./ADAGP, Paris.

Semblablité Similarité Le même (fabrication en série) approximation pratique de la similarité. ——— Dans le temps un même objet n'est pas le même à 1 seconde d'intervalle — Quels Rapports avec le principe d'identité?

Sameness similarity The same (mass prod.) practical approximation of similarity.——— In Time the same object is not the same after a 1 second interval - what Relations with the identity principle?


(excerto retirado de The Unfindable Readymade by Hector Obalk)

2007-10-11

"Se esta rua fosse minha..."




Qual é o teu sabor predilecto?



Fotografias de Paulo Pimenta
to be continued









2007-10-03

Estou aqui.





Eu acredito em horóscopos

Dear cristiana, here is your horoscope for Thursday, October 4:

You need to slow way down and focus on what you need to get done. It could be that you're heading in the wrong direction, but that doesn't mean you can't change course in the very near future.

2007-09-27

PLANO C


Dia 05 de Outubro de 2007
a partir das 16h30
na R. Cândido dos Reis


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Intervenção criada no âmbito do festival “Se esta rua fosse minha…” organizado pelo Plano B e integrada na fase Estudo de Públicos do projecto Apresentação Pública.
Caracterização dos públicos do festival através de uma acção com carácter de participatividade. Os observadores e transeuntes são convidados a preencher o espaço em branco de cada t-shirt vestida por Cristiana Rocha escrevendo a resposta à pergunta que cada uma formula sobre uma característica pessoal específica. À medida que forem sendo preenchidas, as t-shirts vão sendo estendidas numa corda. Esses momentos vão sendo registados pelo fotojornalista
Paulo Pimenta.